18 de abr. de 2010

Salvação Total

Quantas estradas um homem deve percorrer
Pra poder ser chamado de homem?
Quantos oceanos uma pomba branca deve navegar
Pra poder dormir na areia?
Sim e quantas vezes as balas de canhão devem voar
Antes de serem banidas pra sempre?
A resposta, meu amigo, está voando no vento

(Bob Dylan)

Os heróis de quadrinho (e também no cinema) nas melhores histórias dos últimos anos não lutam mais contra vilões maléficos e vis. Eles passam a confrontar propostas de salvações diferentes para a sociedade, Watchman, V de Vingança e até mesmo no Batman[1]. Estas propostas são levadas ao extremo em Constantine (tanto no cinema quanto na HQ)

Na trama John Constantine se encontra em meio à guerra entre Deus e Diabo, sem fé alguma ele está destinado à danação eterna, porém, para tentar se salvar ele passa a lutar pelo lado Deus, tentando, assim, conquistar seu lugar no paraíso. E entre Deus e Diabo existe uma regra o combate será decidido por quem conseguir conquistar a humanidade de forma indireta.

Gabriel reside entre os homens, porém, em seu intimo não suporta o que a humanidade se transformara, para ele, esta humanidade não é digna do amor que recebe de Deus. Seu plano é tornar os homens digno deste amor.

Gabriel, então, elabora o plano de consiste em liberta o filho de Lúcifer[2] trazendo o inferno para terra, pois, para Gabriel, apenas nos momentos de maior sofrimento o homem é capaz de se mostrar nobre. Ou seja, para salvar a humanidade milhões terão de sofrer. Para Gabriel não existe criação sem que para isso exista a destruição.

Constantine por mais egoísta que seja não consegue aceitar este plano e partir para o combate a Gabriel.

É interessante ver um herói que tenta impedir a salvação da humanidade, pois, não se trata de um choque de proposta como Batman X Coringa, mas, sim um herói egoísta que não tem nem vontade e nenhum plano para salvar a humanidade contra um anjo que deseja tornar os homens dignos da salvação.

Para Gabriel não resta dúvidas que a humanidade não precisa ser salva do inferno, mas, ela precisa ser salva de si mesmo. Não restam dúvidas que para Gabriel que o inferno são os outros.

Para o público o sacrifício para ser alto demais, o fascismo de Batman e Watchman é mais aceitável que a salvação de Gabriel. Porém, em nenhum aspecto podemos acusar Gabriel de deformador da humanidade tal como Batman[3] e Ozzymandias[4], ele é um criador e como o nascimento humano é precedido de dor este novo amanhecer também será.



[1] O Coringa tenta instalar o caos como a única forma de superar a atual conjectura social.

[2] Deus tem Jesus, não seria justo se o Diabo não tivesse um rebento.

[3] Em Dark Kingnight

[4] Anti-herói de Watchman

8 de abr. de 2010

Salvação e Vendeta


Muitas são as histórias que a vendeta é o centro das ações, para não recuar muito ao passado um dos marcos deste tipo de história é o Conde de Monte Cristo que serviu de inspiração para V de Vingança.

Em V de Vingança somos levados para uma Inglaterra de um futuro mais próximo do que gostaríamos, existi uma ditadura fascista na Inglaterra que se estabeleceu através do medo. Porém, este medo foi deliberadamente construído pelos membros de partido fascista em questão, o plano foi usar uma assustadora arma química contra o próprio país e culpar mulçumanos pela morte de mais de 15 mil pessoas. Os alvos escolhidos aumentavam a catástrofe: Um colégio, uma estação de metrô e uma unidade de tratamento de água.

A ditadura instalada se sustenta pela força, controlando os meios de comunicação, toque de recolher, ajuda da igreja, mas, o fator mais importante é a conivência e permissividade do povo.

Ai que entra em ação o nosso Herói que em linhas gerais se apresenta apenas como alter-ego, seu nome é apenas V, mas, como ele mesmo diz: “eu sou um resquício de Vox populis”, Na ver versão cinematográfica esta característica é ainda mais marcante.

Sozinho V não acaba com a ditadura, sozinho ele apenas consegue ter sua vingança pessoal. A função dele na história não é ser o messias, mas, sim ser o Zaratrusta de Nietzsche, aquele que anuncia o homem-que-supera-o-homem, então, V precisa mostrar que existe algo errado na forma política adotada.

Ao longo de um ano V ínsita o povo a não aceitar a situação de falta de liberdades individuais, através de atos de terrorismo V abre caminho para o povo mudar a situação. Sem mostrar vacilação ele destrói prédios históricos, invade prédios com dinamite envolta do corpo e invade a programação de TV estatal para dizer a sua mensagem.

Apesar de nosso herói não ser o salvador e a partir dele que salvação é construída, mostrando que é possível a própria humanidade se salvar (dentro do possível é claro).

3 de abr. de 2010

Complexo de Messias II


Ele desceu dos céus, porém, a salvação por ele proposta não é o que esperávamos...

Esta é premissa de SuperGod (Hq muito interessante que ando lendo). Os governos geraram criaturas super-humanas, nas quais depositaram a fé de nossa salvação. A Índia foi a primeira que tentou por em prática a sua salvação, o seu super-herói. Ele teria de combater a poluição e encontrar um jeito para o problema da superpopulação, então, ele chegou à conclusão lógica que para salvar a Índia teria de diminuir a população em 90%. Com poderes ilimitados o Deus/Super-Herói inicia o genocídio indiano.

As demais potências reagem cada Deus/Super-Herói é enviado para a Índia e mundo acaba.

Os heróis criados a partir das feições humanas são incapazes de salvar a humanidade por ser parte dela. É preciso salvar a humanidade dela mesma.

Por isso que Batman e Watchman não conseguem nós salvar de fato, apenas contando uma mentira. Esta salvação é deformação da humanidade, apenas assim, estes heróis conseguiram salvar os homens.

Porém, salvar a humanidade com fascismo é um preço alto demais.

Complexo de Messias

Entre fascismo e heróis onde foi parar o sonho americano?
Segundo o Comediante: "Ele se realizou!", isto que temos como centro de discussão é resultado da história americana, o self-made-man levou os heróis ao olho do furacão ou será algo mais profundo? ou será que os homens buscam messias humanos e super-humanos ao mesmo tempo?
Para tanto criamos deuses que são nossas imagens e semelhanças, sempre atribuirmos a salvação aos outros que são nós mesmo.
A história do messias é o próprio desejo de salvação da humanidade, Jesus era o super-man de seu tempo, enquanto, esteve ausente da história (dos 12 aos 33 anos) ele era o Clark Kent.
Mas, porque, precisamos ser salvos?