26 de jun. de 2010

Liberdade



A escolha das possibilidades em X-1999 está na aceitação do destino, aqueles que aceitam as profecias as realizam. Ou seja, o destino é uma entre tantas possibilidades e este se realiza por que os predestinados aceitaram o seu destino. Alguns aceitam esse destino por convicção, outros por alienação.

A história se desenvolve na escolha entre as possibilidades e na construção de novas possibilidades, as escolhes é o que torna os seres humanos tão especiais. Kamui se torna a principal força desta história quando ele se torna aquele que escolhe, mas, ainda sim este era seu destino: Escolher.

O destino de Kamui é a maldição dos homens, sempre obrigados a escolher. A liberdade é capacidade de escolher entre as possibilidades, seria mais fácil viver sem tais escolhas. Viver sem as escolhas é negar a nossa própria humanidade. Estaremos sempre condenado a liberdade.

23 de jun. de 2010

Cartografia da Dor



Existem muitas cartografias possíveis, algumas são buscadas com ardor outras são evitadas com esforço máximo. A cartografia da dor é evitada ao longo de nossa travessia, porém, no ritmo em que vivemos cada vez mais navegamos neste espaço. O lugar-tristeza é ponto comum para aqueles que vivem neste inferno que é os Outros.

Em X-1999, o mundo está em pleno Armageddon os 7 Dragões do Céu lutam para manter a vida humana enquanto os 7 Dragões da Terra lutam para destruir a raça humana e salvar o planeta de sua destruição pela mão dos homens. O jovem Kamui é o messias para ambos os lados uma vez que ele é o único ser capaz de escolher o próprio destino, enquanto os Dragões estiveram predestinados a lutar pelo lado que se encontram. O lado que Kamui escolher será o vencedor.

A cartografia da dor é representada em X-1999 na perca do Outro, ou seja, na perca do próprio inferno. Cada combate entre os Dragões gera um novo ponto nesta cartografia, cada baixa nesta guerra constrói os pontos deste mapa. A morte do Outro é o nosso Armageddon e a coisificação é nossa batalha. A Humanidade cada dia humanifica coisas e coisifica homens, estes dois pontos são os nossos Dragões que lutam em direção do nosso fim. Pois, a morte do outro é a morte do homem, uma vez que o que humanifica os macacos que deram certo é o Outro.

X-1999 o Outro é bem mais precioso, é linha que marca toda a cartografia. Que a morte transforme em uma cartografia de dor.

18 de jun. de 2010

Subversão. Ato Sem Fim





Batman the Dark Kingnight, Watchman, Guerra Civil… Diante do crepúsculo, do próprio apocalipse, disseram sim e saíram vitoriosos, sobreviveram. Mas, é diante do fim de tudo que Evangelion se destaca, Shinji diz não, mesmo que tudo acabe. É na subversão do desejo de sobrevivência que as veredas do herói se mostram, Shinji não vai salvar ninguém e é por isso que ele diz Não, por isso que ele se difere dos demais heróis.

Subvertendo até mesmo a sexualidade, uma vez que o anjo que se apaixona por Shinji tem forma masculina. A conquista do amor em Evangelion é a pura subversão, uma vez visto que a obra é elaborada e desenvolvida na tradicional sociedade japonesa.

Subverter a ordem é caminho do herói, é a vereda que mais interessa. O herói deve salvar, mas, é a própria ordem que ameaça. É nesse mundo que é preciso lutar, não para salva-lo, mas, para mudá-lo. Sem procurar as armadilhas da felicidade que sempre se mostram fáceis, as escolhas parecem obvias, mas, não são.

A escolha final de Shinji é a escolha da total felicidade através da deformação total da forma humana, mas, a sedução da felicidade não é suficiente para convencer o nosso herói, uma vez que uma vida sem seus elementos como dor e tristeza.

A salvação só pode residir na vida total, com amores e ódios, alegrias e tristezas. Menos que isso é melhor o fim de tudo, por isso, Shinji diz Não.

12 de jun. de 2010

A conquista do Fogo. Ato III



A travessia do herói em Evangelion é surpreendente, as escolhas, as veredas, os recuos... É na travessia que reside à beleza desta história, pois, a beleza é a transformação e em Evangelion “Viver é estar em constante transformação” e ainda mais nós somos responsáveis de escolher os caminhos das mudanças, apenas não podemos evitá-los.

Nem mesmos os anjos estão livres da maldição da liberdade, nada escapa as forças da escolha, pois, a liberdade aqui entendida é sartreana. Ou seja, a liberdade é capacidade de fazer com o que os outros fazem conosco.

E mesmo na batalha final da sobrevivência de duas espécies: Os anjos e Os Homens; a possibilidade de escolha não é negada a ninguém. O ultimo anjo a oferecer combate já estava entre os homens e convivia com o nosso herói, e através da convivência o coração do anjo fora conquistado.

O ultimo anjo escolhera forma de homem e diante do fim do mundo ele disse: Não. A forma passa a ser tão importante quanto o conteúdo, pois, ao final percebemos que os seres humanos e os anjos sempre foram mais iguais do que percebemos.

O ultimo anjo e a ultima batalha foram travadas no coração, a escolha do Não condenou os anjos e salvou a humanidade, mas, nunca fora o objetivo deste anjo salvar a humanidade ao se abster da existência. Ele apenas desejava salvar o Herói, a humanidade que ao começo desta travessia sempre fora salva pelo individualismo dos pilotos dos monstros, teve sua salvação dos anjos através do coração de um anjo.

A conquista do amor do inimigo é o milagre total humano, pois, apenas o anjo em forma humana fora capaz de ser-para-si-para-o-outro, tal como um homem. Ao abandonar a solidão angelical ele entendeu que apesar do inferno ser Os outros é preciso que algumas pessoas sejam preservadas juntas ao coração, pois, se o inferno realmente são Os outros o Paraíso solitário dos anjos é um lugar pior que este inferno.

2 de jun. de 2010

A Última Tentação. Ato II



Na travessia de Shinji ele é absorvido pelo monstro e quando monstro e homem coabitam a mesma alma a sedução da felicidade se faz como a única possibilidade construída. Não restando escolha, lá neste onírico a felicidade plena é a ultima tentação do herói.

Sua mãe/monstro lhe oferece a felicidade, um caminho sem dor, onde ele seria o centro do universo, mas, não poderia jamais lhe oferecer a vida. Pois, tudo que ele viveria seria apenas cópia incompleta. Não existe vida em que um sentimento seja o único, é preciso viver com tudo. Angustia, dor, decepção... Sentimento que procuramos evitar são inevitáveis, faz parte da travessia. E diante da tentação de aceitar este simulacro de vida que a negação de Shinji se torna épica.

A tentação se faz vil ao colocar Shinji alheio a travessia, simulando um fim para a mesma. Mas, a tentação é grandiosa, tal qual Ulisses preso a mastro escutando o canto da sereia, e preciso lutar contra e é nesta batalha que se faz Shinji se faz diferente.

Ao não aceitar a tentação Shinji se fez herói, escolhendo o caminho mais tortuoso ele encontrou o caminho da travessia.