30 de ago. de 2010

Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar


Um filme de Kung-fu que os personagens evitam o confronto, mesmo que em sua arte marcial exista até mesmo a possibilidade de dominar as forças da natureza. O último mestre do ar narra essa história de ação zen, onde vencer o inimigo não é criar o derrotado. O filme não foi muito bem com a critica americana.

A sociedade americana é a sociedade do vitorioso, é preciso vencer a qualquer custo. Mas, a vitória é para fugir do derrotado, do Loser. Então, O último mestre do ar não consegue emplacar.

No filme em questão não se trata de vence ou perder, a questão é transformar, Ang (o Herói em questão) é o maior dos poderes, mas, mesmo assim não o usa de maneira imperativa.

A filosofia zen não é o caminho para a sociedade performática, e ainda mais no cinema que a performance é parte quase totalitária da obra. O filme, então, passa a seguir na direção oposta em uma rua de mão única.

O caminho do herói passa a ser a mudança, mudar a arrumação da ordem do mundo não será apenas vencendo no sistema, mas, sim vencer o sistema. E o sistema-mundo que precisa ser destruído é o da força. O poder não pode ser argumento é por isso que Ang se torna um herói impar, mesmo que as vezes ainda precise de seus poderes.

27 de ago. de 2010

A ordem subvertida

Na mitologia nórdica aqueles que morrem com honra no campo de batalha se tornam merecedores do Valhala (ema espécie de paraíso para guerreiros) onde eles lutariam até o Ragnarök, que o crepúsculo dos deuses, onde até os deuses vão lutar até a morte.

É esta a beleza do modo de viver destes nórdicos. A vida, dentro de seu sistema de valor, é tão valorosa que o pós morte é o que o mais os enobreciam em vida: A guerra. O paraíso é totalmente subordinado a vida, pois, a vida é o maior dos pesos.

A nossa sociedade subverteu está ordem, o cristianismo conseguiu desvalorizar a vida. A vida é apenas um meio para se chegar ao paraíso, enquanto o Valhala só é um bom lugar na medida em que possibilita a existência da guerra, que é onde a vida se torna maior e mais valorosa.

A guerra quanto valor pode até ser criticada, mas, abandonar a vida é o grande erro cristão. Não é possível aceitar a negação da vida, é por isso que os símbolos e elementos pagãos que não foram assimilados acabaram por ser demonizados pelo cristianismo.

11 de ago. de 2010

A dança do tempo



"O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer” (Walter Benjamin, Teses sobre o conceito de história)



Em V de Vingança o partido fascista se apóia na formulação da história contada sobre atentados terroristas, a criação desta experiência histórica do medo é o que permiti para a ditadura se perpetuar. A nossa ditadura de 64 se apoio em uma construção semelhante se usando do medo do comunismo.

Somos seres Na e Da história, por isso que qualquer forma de governo precisa se justificar de forma histórica. Para os governos é preciso criar a tradição que o vai manter no poder e esta criação é na história ou até mesmo a própria história.

A história não é o acumulo dos acontecimentos que precisa ser escavados para se descobrir a verdade, ela é arrumação destes acontecimentos vistos por um prisma que justifique o discurso de quem a constrói.

Por isso que V precisa vencer a própria história instituída tanto quanto precisa vencer seus inimigos fascistas. O historiador não apenas aquele que monta uma narrativa, mas, também é aquele a destrói. Tal como Penelope[1] que a noite destrói o tapete que tece de dia para assim chegar em seu objetivo, o historiador precisa destrói a própria narração histórica para possibilitar a construção de novas possibilidades.

Por isso que V precisa destruir a história contada pela ditadura. Isto ao lado de sua vingança pessoal é o consome o maior esforço de V durante a trama.

Na cena final é possível ver todas as pessoas salvas pela possibilidade de salvação e entre elas estão todos os personagens que foram mortos para pela ditadura, pois, nem eles estavam a salvo na história.



[1] Personagem da Odisseia: esposa de Ulisses, rainha de Itaca


Epifania


Em V de Vingança uma nova fase será iniciada quando O Codinome V destruir o prédio do parlamento inglês, que é o belo prédio onde fica o Big Bem. Mas, destruir um prédio histórico é um crime, importante para não apenas a Inglaterra como para o Ocidente.

Ai que reside a epifania da ação “O crime fundador”. Em muitas narrativas míticas os crimes, os erros, os pecados, os desvios são os momentos mais importantes da humanidade. Adão e Eva comem do fruto do conhecimento e iniciam a jornada humana na Terra; Caim mata Abel e funda-se a civilização; Prometeu rouba o fogo dos deuses e a humanidade sai das trevas...

Não é no ato heróico que reside a epifania nestas narrativas e o mesmo se emprega a V de Vingança, onde V nunca quis ser herói, onde só precisa-se de uma faísca para acender o brilho dos olhos da população. V estava lá não para salvar as pessoas, nem para mostrar o caminho para a salvação, ele aponta para a possibilidade de salvação e a destruição do parlamento é o momento de fundação desta nova possibilidade.

Um crime fundador de uma nova era, um erro cometido em nome da construção da possibilidade, é a epifania que a explosão faz brilhar nos olhos da população. Explosão vista até pelos mortos tal é catarse da própria história, onde V não inventa sentido para história, mas, sim o destrói a arrumação da história ao longo do filme.

Por isso a destruição do parlamento é crime epifanico.

7 de ago. de 2010

Nova ordem


Ela com um toque é capaz de absorver a energia vital de qualquer um, ele a ama. Ele é capaz de conquistar qualquer mulher, ela incapaz de beijar o homem amado. Juntos são separados, incapaz de realizar o amor tal qual conhecemos. Mas, o que se pode conhecer sobre o amor?É a beleza do mistério.

Gambit e Vampira[1] realizam o seu amor dentro de suas possibilidades e transformam suas possibilidades em amor. É na superação do modelo de relacionamento normal que reside a beleza desta relação, é na criação de algo novo e único que reside a beleza do amor.

O amor é inesperado, de forma total para qualquer um, principalmente para aqueles que mudam a ordem e é nesta mudança da ordem que reside a força. Mas, no fim das contas é apenas o amor que acontece...

Um amor sem toques é uma anormalidade, mas, o que é normal no amor.


[1] Personagens de X-men

4 de ago. de 2010

A beleza do mistério


Um mágico que decide revelar os segredos dos seus ofícios, mascarado tal como um herói... Porém, o que deveria ser a destruição da áurea da mágica não foi e este herói falha em sua missão.

A revelação dos mistérios não é capaz de destruir a áurea da mágica, pois, ela acontece de maneira racional. Truques, engrenagens, espelhos e fumaças são revelados de frente as câmeras de Tv, mas, ainda é pouco para a nossa imaginação.

Sabemos desde de tempos imemoriais que os mágicos fazem truques, saber como são estes truques não foi capaz de destruir a mágica nas nossas mentes. Muito pelo contrario, saber que é um truque aguça nossa curiosidade, as astucias do mágico é astucia de Ulisses.

Não somos seres racionais é ai que o mistério da mágica se aproprie do caráter épico humano que é o mistério, o inexplicável, onde a inércia da razão é apenas um espectador deslumbrado do que não consegue explicar.

Não na cabeça que reside este caráter épico é no coração, onde somos imortais, onde podemos realizar milagres, é onde todos os homens são Ulisses, Jasão, Hércules até mesmo deuses.