24 de out. de 2011

Narrar para sobreviver




Então Scheherazade inspirou profundamente e começou a contar suas histórias. Ela inventa Aladin e assim ganha mais alguns dias de vida, ela sabe que quando a história terminar o Sultão lhe cortará a cabeça. Mas, ela termina mesmo assim. Os contos sempre precisam ser finalizados. Rapidamente ela inventa um conto novo, antes que o Sultão percebesse estava envolto na história de Ali Babá. Ela diz: Abra-te Sésamo e sorri, sabe que ganhou mais algumas noites de vida.
Ela não sabe onde ficam as histórias antes de serem contadas, mas ela sabe que quarenta ladrões soam melhor que trinta e nove ou quarenta e um. Com isso está salva até conseguir contar uma nova história.
Assim devemos pensar o oficio do historiador. Precisamos contar histórias novas o tempo todo, pois só assim podemos garantir a nossa sobrevivência. Nossas cabeças estão sempre a premio, mas no fio da navalha é que temos, assim como Scheherazade, ser ainda mais inventivos. Precisamos criar Ali Babá, Aladin e Simbad. Precisamos dos gênios, do tapete e da lâmpada mágica. Precisamos de fantasias e aventuras. Pois, é destes truques de inventividades que vivem os historiadores.
E tal como Sheherazade precisamos vencer a morte narrando histórias. E de fato no final nos salvamos de formas impensáveis.