11 de set. de 2013

O túmulo dos heróis



Aquiles e Pentesiléia, princesa das amazonas, cruzaram suas armas numa das últimas batalhas da Guerra de Tróia. Aquiles a derrota, mas ver o seu rosto sem o elmo e isto é o suficiente para fazer o herói grego se apaixonar. Então, o corpo de Pentesiléia é carregado nos braços por Aquiles e entregue aos troianos, para que se possa fazer o sepultamento. É pela paixão de Aquiles que amazona ganha seu túmulo, o que desejara desde que matou a própria irmã em um acidente de caça na ilha das amazonas.
            O túmulo em toda narrativa homérica é algo de extrema importância, pois ele é o signo do herói. A própria palavra grega para túmulo é a mesma para signo (Sema) por isso o poeta era aquele capaz de construir o túmulo do herói. Precisamos de articular uma história para aqueles que tiveram seus corpos vilipendiados no cortejo do progresso, descansem em seus túmulos. Os corpos estão debaixo dos pés dos vencedores, esquecidos, por isso é preciso sepultá-los para que os outros possam ver estes túmulos. Para fazer lembrar daqueles que sofreram a barbárie que toda cultura carrega consigo.

            História deve ser um trabalho de luto, onde rememoramos os mortos para continuara a viver. Por isso, precisamos de túmulos para que possamos ter o signo daqueles sobre qual nosso luto possa repousa. Assim como os poetas escolhem que heróis são aqueles que suas palavras erguerão túmulos, o historiador também assim o faz. Porém, o túmulo não pode ser construído pela empatia, pois o historiador que tem empatia com o passado terá empatia com o vencedor, pois a empatia tem origem em uma inércia do coração, em um mundo que precisa mais do nunca de movimento.

15 de jun. de 2013

A Trama e o Desenlace








Será que Capitu traiu Bentinho? Pergunta que motiva muitas reflexões, mas todas muito idiotas. Nesta pergunta se perde toda a beleza de Capitu e faz em algum sentido Bentinho brilhar.
Esta é a beleza de Capitu:



Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu...  Você já reparou nos olhos
dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois  apesar deles, poderia 
passar, se não fosse a vaidade e a adulação 


Olhos dados pelo diabo, belos e pouco confiáveis. Capitu é uma espécie de arquétipo de uma experiência, uma mulher que não se pode confiar, mas que nos arrebata, toma de assalto nosso desejo, conquista nosso fogo. Porém, não podemos lhe entregar em mãos nossos corações. Então, temos duas escolhas de morte de Capitu, ao domar seus olhos, conquistar seu amor e ter nos olhos confiança, ou podemos afasta-la e nunca ama-la. Nos dois casos Capitu está morta.


Mas, as pessoas ainda olham para trama em busca do desenlace.  Agora para ver a beleza, precisamos está atento na trama.  



11 de fev. de 2013

O anti-manifesto antropofágico









A cultura brasileira sacralizou a antropofagia, na medida em que é este o caminho para ser criar a genuína arte brasileira. A semana de arte moderna, a tropicália ou o manguebeat estão lá antropafagiando o mundo, mas para que? Não seria isto um agenciamento para que se possa validar a arte brasileira, seria essa condição de funcionamento de um discurso vil? Mas, a questão primordial, talvez, ainda não seja essa.
Mas, sim pensar as razões ou as desrazões que faz ser importante que um artista precise fazer seu discurso funcionar dentro de uma lógica indenitária, onde antes de ser um individuo este fale por um grupo. E este grupo, por sua, vez precise ser todo nós.
E em algum aspecto a distinção eu e ele se transformou no embuste nos e eles. Partindo deste embuste o outro seria aquele que está distante, o bárbaro que não fala minha língua, mas que eu sei de sua existência.
Por isso nossa identidade construída em apartamentos, mas falando de folclore, parece ser uma língua morta. Por mais forte que estes movimentos se transforme, as suas próprias condições de funcionamento, lhe impõe a castração, tal qual um cruzamento de raças diferentes, a final quem são os novos mordenistas? Tropicalistas? Ou os mangueboys? Pois, eles lindam com a distinções claras entre o eu e outro, e já não podemos ser eles, afinal somos o outro deles.
Chico Science dizia - Pernambuco embaixo dos pés e a mente na imensidão- mas, por quais razões Pernambuco não pode ser a imensidão? Ou por que cargas d’água precisamos da imensidão?
A antropofagia se parece necessária para agenciar Pernambuco, enquanto um espaço físico limitado, a imensidão. Pois, a imensidão é uma dessas categorias da linguagem que apesar de ser dizível não é pensável, afinal só conseguimos lidar com conceitos limitados. Mas, ao ter Pernambuco e a imensidão as duas se tornam partes iguais na formação do manguebeat. Resta pensar se é a imensidão que ganha limites ou Pernambuco que se torna imensa

4 de fev. de 2013

Ponto de fuga







Dizem que até centroavante recuado tem de ser perdoado, maldita formação cristã que nos impele ao perdão. Temos de ser infinitamente bons, mesmo que para isso a gente tenha que fazer de conta que não nos incomodamos as ações do bandeirinha ao presidente. E que não é importante o futebol, pois este é apenas uma paixão e as paixões são desejos. 

Desejar é anticristão, é anti-salvação, só sabe isso quem manda o juiz tomar no cu. Mas, também só quem manda sabe a alegria. O quão vivo é sentir a cólera, o quão alegre é a zombaria daqueles que não são iguais a mim, pois escolheram outra paixão. 
E é bom perceber que não somos irmãos, que do lado de cá do torcida o lado de lá são uns idiotas.
No estádio riscamos a linha no chão, erguemos a paliçada, as defesas foram armadas e o cristianismo não passará.