11 de set. de 2013

O túmulo dos heróis



Aquiles e Pentesiléia, princesa das amazonas, cruzaram suas armas numa das últimas batalhas da Guerra de Tróia. Aquiles a derrota, mas ver o seu rosto sem o elmo e isto é o suficiente para fazer o herói grego se apaixonar. Então, o corpo de Pentesiléia é carregado nos braços por Aquiles e entregue aos troianos, para que se possa fazer o sepultamento. É pela paixão de Aquiles que amazona ganha seu túmulo, o que desejara desde que matou a própria irmã em um acidente de caça na ilha das amazonas.
            O túmulo em toda narrativa homérica é algo de extrema importância, pois ele é o signo do herói. A própria palavra grega para túmulo é a mesma para signo (Sema) por isso o poeta era aquele capaz de construir o túmulo do herói. Precisamos de articular uma história para aqueles que tiveram seus corpos vilipendiados no cortejo do progresso, descansem em seus túmulos. Os corpos estão debaixo dos pés dos vencedores, esquecidos, por isso é preciso sepultá-los para que os outros possam ver estes túmulos. Para fazer lembrar daqueles que sofreram a barbárie que toda cultura carrega consigo.

            História deve ser um trabalho de luto, onde rememoramos os mortos para continuara a viver. Por isso, precisamos de túmulos para que possamos ter o signo daqueles sobre qual nosso luto possa repousa. Assim como os poetas escolhem que heróis são aqueles que suas palavras erguerão túmulos, o historiador também assim o faz. Porém, o túmulo não pode ser construído pela empatia, pois o historiador que tem empatia com o passado terá empatia com o vencedor, pois a empatia tem origem em uma inércia do coração, em um mundo que precisa mais do nunca de movimento.