Os gênios nos oferecem desejos. São
maravilhas e aventuras, charme e espertezas, potes de ouros e corações
valentes. Só basta que o desejante verbalize os seus desejos. Poderíamos,
então, desejar um mundo novo. Desses que só existem no sonhar dos melhores homens.
Os gênios só precisam escutar o teu desejo.
Mas, quantas e quantas vezes nossos
corações se enchem de medo por conta dos desejos. O medo nos impele para longe
dos gênios. Temos tanto medo de pronunciar as palavras que criariam um mundo
novo. De certa forma desejamos revoluções e quem menos que isso deseja não deveria
ter direito ao desejar. Verbalizar as palavras da revolução é difícil.
A dificuldade está nas nossas amarras
ao mundo que a revolução destruirá. E são amarras boas, nos alegram, criam sentidos
para nossas vidas. Mas, nos amarram. Não impedem, mas nos amarram. Nem mesmo
pedem que continuamos a viver nesse mundo. A revolução não será indolor.
Não é de se estranhar que nos reinos
das fábulas o que comumente chamamos de gênios são tidos como demônios. Não
pela negação do desejo, mas pela realização tal qual o que se deseja. São seres
amorais. Feitos para conceder desejos a qualquer custo.
Mas, nem sempre é fácil verbalizar os
desejos e os gênios precisam de verbos, precisam se deliciar com “Eu quero...”.
E só poderemos pedir mundos novos. E ao pedir isso os nossos antigos mundo
seriam no mínimo abalados.
A revolução só existe com dor. Assim
como a mãe que sofre para dar a luz ao um filho. Assim, proferir as palavras do
desejo podem trazer um mundo desejado e causar uma dor indesejada. E estamos
sempre nessa corda bamba. É um mundo incerto, onde o que é sólido desmancha no
ar.
Onde desejos e sonhos entram
clandestinos em nossos mundos. Corroem tudo que até então era certo e estava
bem, te dão medos e alegrias sem te pedir nada em troca.