31 de mai. de 2010

Estrada



Diante do fim do mundo eles lutaram. Não aqueles que mais amavam o mundo, mas, os deprimidos, os traumatizados, os próprios trágicos. Evangelion retrata a batalha do fim do mundo desta forma. Nossos heróis são crianças deprimidas, que controlam monstros e combatem anjos. A luta não é bonita, os atos não são heróicos, a salvação é buscada, não com fé, mas, com tédio e banalidade.

Os monstros são a esperança, os anjos são inimigos. O cristianismo cria as imagens do terror, são cruzes, anjos e evangelhos apócrifos que produzem as imagens do fim do mundo. Seele e Nerv (Alma e Corpo)[1] são a resistência humana contra os anjos.

Mas, é na travessia que tudo se ressignifica. Shinji Ikari, a personagem principal, encontra na própria luta motivos para lutar. Apenas quando ele entende que viver é está em constantes transformações. Cada caminho não aponta para uma chegada, mas, para novos caminhos.

É a travessia que é a própria salvação, onde até mesmo os anjos se rendem ao desejo humano. Onde cada sorriso convive com cada lagrima, pois, assim não existe o medo do fim da estrada, pois, esta não tem fim.

Evangelion se faz ser dita como a história sobre a estrada da felicidade, mas, é preciso pensar que ela é apenas a estrada. Por isso que o seu final é envolto em tanta celeuma. A maioria das pessoas esperam o fim da estrada e esquecem que o importante não é começo nem o fim, mas, o que interessa é a própria travessia.


[1] Tradução do Alemão

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