5 de dez. de 2011

Entre sonhos e amores perdidos




Ela, uma raposa, astuta e ardilosa e magíca e inventiva. Ele, um moge, calmo e gentil e obstinado. Uma aposta. A raposa deveria fazer o monge abandonar o monasterio, onde era o único morador. No topo de uma colina, onde o resto do mundo era apenas um sonho distante. Onde os sonhos não carecianham de interpretações, eles estavam lado a lado dos demais seres.
Mas, a raposa não pode vencer a aposta, ninguém poderia. Ela desiste mesmo de tentar. Ainda mais agora que a raposa não queria está em outro lugar. E este lugar é o monge. Ela o ama, mesmo que as diferenças sejam tantas, mesmo que este amor seja impossivel, ela o ama. Talvez ela não goste de amá-lo. Talvez ele nem mesmo possa saber deste amor. O amor deles é tantos talvez que mesmo a mente mais inventiva não poderia estabelecer uma cartografia. Não existe um espaço seguro a raposa. Ela é sempre vim a ser. Um devir de coisas muidas que só existem no sonho de quem observa o monge e a raposa.
As apostas do passado já não importam. Em algum momento elas foram o acaso do encontro, mas agora, só existe o agora. O passado está tão distante quanto o sonho que precisa ser narrado para ter sentido.
O monge está em perigo. Sua alma vale um prêmio para um mago nas trevas. E é inevetival a morte do monge, a raposa sabe disso. Mas, ela não aceita. Não pode aceitar! Não! Não mesmo. Ela está desesperada. Ela corre pela noite, rasteija pelas sombras, mergulha nas memórias, vai ter com o próprio sonhar para impedir a morte de monge.
O sonho lhe diz que ela precisa capturar o sonhar do monge. É preciso se agarrar ao impossivel. E ela o faz, faz mesmo que custe a sua própria vida. O monge está salvo e no outro dia nem saberá do que aconteceu, não sabe quão real é o sonho.
Os amores e os sonhos não estão tão distantes. Quantos amores passados são como sonhos que só existem com o acordar? Que precisam ser narrados para existirem, talvez toda história seja esse recontar o sonhar. Talvez, não saibamos de todos os amores perdidos, pois, talvez não exista amor perdido. O passado enquanto sonho e os amores quanto acaso. A raposa e o monge são amores que não se realizam, mas, que brilham por conta das possibilidades não construidas. De tudo que ainda não foi, mas que pode ser narrado. Inventado, sonhado e amado por todos nós que aqui estamos.


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