O
fogo crepita e as histórias foram contadas. Algumas ecoam, reverberam ao longo
do tempo e chegam até nós. Quantas e quantas vezes vimos o mito da caverna? Sem
percebê-la tal como já fora contada antes, está lá em Platão, em Matrix, no
Ensaio sobre a Cegueira, na Cidade das Sombras, em Vida de Inseto...
Existe
algum poder nestas narrativas. Estão para além do bem e do mal, não se
preocupam com o tempo presente. Camuflam-se, entram clandestinas em outras
narrativas, ocupam espaços que não deveriam ser seus. Deve ser alguma força que
nossos olhos perecíveis não conseguem captar e por isso não podemos guerrear
com elas.
Porém,
já não precisamos deixar que estas narrativas determine o seus sentidos. O mito
da caverna hoje não se trata mais de uma busca da verdade. É preciso pensar em
outros sentidos, em outros caminhos.
Criamos
o mundo nestas narrativas, traçamos cartografias, inventamos espaços e
fronteiras. Por isso que não podemos deixar que as mesmas narrativas criem o
nosso mundo. É preciso assumir as redás.
Que
ergamos paliçadas, que as defesas sejam preparadas, a risca foi traçada e eles
não passarão.
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