16 de mai. de 2010

Sandman e a Narrativa em Aberto




“Com um punhado de areia eu mostrarei o horror a vocês”. Assim começa a história em quadrinhos que modificou a História das histórias em quadrinhos, ao trazer o conto de fadas narrado em quadrinhos para o mundo adulto.

Sandman, personagem que dá nome a história, é o próprio Sonho (Dream), não o deus do sonho, mas, o próprio sonho personificado assim como os seus irmãos Destino, Desejo, Delírio, Destruição, Desespero e Morte (Death), juntos eles são os Perpétuos. Cada um é o que o seu nome representa, não são deuses, são algo mais antigo onde até os deuses passam a viver com os Perpétuos. Pois, neste universo todos nós sonhamos, desejamos, nos desesperamos, destruímos, deliramos, criamos ou somos criados pelo nosso destino e por fim morremos.

Sandman acumula vários nomes e acumula imagens, estas formas são reflexos de quem o ver. E seu nome mais interessante é Lorde Modelador que nome que seria o mais apropriado ao sonho.

Apesar de longa Sandman é uma história que chegou ao fim, mas, não é um fim definitivo. Segundo o seu próprio autor a história do Lorde Modelador é uma história sobre transformação, sobre a “travessia” tal o qual Grande Sertões Veredas, onde a origem e o fim do Sonho não importa. O importante é entender que viver é estar em constante transformação.

Os personagens são conceitos e suas relações são metáforas, isto é o que constrói a beleza da história. Em algum momento da história é preciso encontrar Destruição, mas, este encontro só é possível se Sonho e Delírio resolverem buscar-lo, Sonho e Desejo vivem em uma tensão de amor e ódio, Morte e Sonho são os irmãos mais próximos, Destruição reside no coração das estrelas...

Esta é uma história aberta, passível de muitas interpretações e ainda mais tendo como matéria prima o onírico esta característica é alçada aos extremos. Através de Sandman podemos pensar a vida nesta mesma perspectiva, a História é um campo aberto para as interpretações e assim não podemos falar de verdade, mas, de verdades que se acumulam, se acotovelam, se desenvolvem em uma dialética de tensão, mas, sem nunca serem contraditórias ou excludentes.

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