31 de mai. de 2010

A travessia do Herói. Ato I



Um garoto abandonado pelo pai, órfão de mãe, vilipendiado pelos avôs, paria na escola. Um herói. Shinji Ikari torna-se herói, não por querer ser, mas, por caminhos impostos pela tragédia e aceitos por ele. Não é pela glória da vitória ou pela necessidade de ser messias, ele se faz herói na apatia da obediência. Não é o poder que o faz herói, é falta de poder diante da figura paterna.

Shinji é Édipo, é Hamlet, é Zeus. É o filho que precisa matar o pai pra construir a sua travessia e poder possuir a mãe que no caso é o seu monstro[1] (EVA 01) [2], tornando-se assim a figura de poder. Este herói perpassa a história do heroísmo mítico, o mesmo herói de mil faces que povoa as nossas narrativas.

Ao aceitar pilotar a EVA 01, Shinji o faz sem treinamentos, sem racionalidade, dotado apenas da pulsão de morte. Mas, é ai que o robô se mostra monstro. É a sua mãe que de certa forma está embaixo das couraças, é no combate que ela desperta quando vê que seu filho está para morrer. O monstro entra em estado de fúria pela primeira vez e o combate lava de sangue as ruas de Tókio 3[3].

Shinji é complexo de Édipo e de Castração levados ao extremo. Mal resolvido, cheio de traumas, mas, a vida ainda lhe põe o peso do messias nas costas.


[1] Eu não consigo chamar os EVA’s de robôs.

[2] Ao decorrer da história descobrimos que ele consegue pilotar o monstro por ele ter absorvido a sua mãe, cientista que ajudou no desenvolvimento do mesmo.

[3] Cidade fictícia onde se desenrola a trama.

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