29 de nov. de 2011

Desejo


O vento sopra e por causa disto as asas do anjo impendem que ele pare. O progresso é inevitável. Mas, ele gostaria de conseguir parar o tempo e por isso seu desespero. Ele quer... Apenas quer, por instante que fosse gostaria de subjugar o mundo ao seu desejo.
Ele gostaria de impedir o passado. Gostaria de ter sido mais educado com aquele desconhecido. Gostaria de ter sido mais sincero com as pessoas que ama. Gostaria de impedi-la, pediria que não fosse com ele, ele teria gostado até mesmo de só pedir, mesmo que a resposta fosse não. Gostaria que a tivesse conhecido antes do próprio tempo existir, naquele instante que o sonho e presente são feitos dos mesmos sorrisos. O anjo andaria com suas asas fechadas para não ser preso e escravizado pelo o vento do progresso. Tantos desejos... Desejos.
O passado vai se acumulando as costas. Ele só pode olhar e desejar parar o passado. E ele deseja isso ao ponto de arriscar tudo. Talvez, ele não arrisque, talvez apenas deseje. Mas, bastaria apenas uma centelha de esperança, apenas uma centelha para que anjo corte as suas asas.
Ele cairia provavelmente longe de tudo aquilo que tanto deseja. Cairia e talvez nem mesmo sobrevivesse, talvez... São escolhas que o desejo lhe impele fazer. E o reinado do desejo é imperativo e cruel.
Estamos sempre entre as balanças do desejar e do realizar. Fazemos nossos corações de cárcere do desejo, quando não fazemos do desejo o carcereiro. Talvez, devemos tomá-lo como conselheiro. Escutar-lo. Precisamos confabular com o desejo as revoluções. Tomá-lo como amigo.
Assim, o sofrimento da queda do anjo será aliviado pelas palavras doces do desejo. O desejo não pode nos imperar, mas talvez possamos de fazer-lo de amigo, de irmão e irmã.
O anjo da história não consegue parar o vento do progresso, talvez ninguém consiga. Porém, talvez ele possa corta a sua asa e enganar o jogo. Isso seria a revolução que faria explodir o continuo do tempo e realizar o seu desejo.
Mas, talvez ele tenha medo da queda e sempre ponha a culpa de sua covardia no vento que sopra do paraíso. A queda pode ser dolorosa,  mas será melhor do que nunca ter arriscado colocar seu pé no chão.

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