7 de nov. de 2011

Astucias





Penélope espera Ulisses. A mesa de sua casa é lugar de disputas e ela não pode fazer nada. É a tradição. A mão dela é a coroa de Itaca e eles sabem disso, eles querem isso. Mas, ela espera Ulisses. Já se foram dez anos.
De alguma forma ela sabe que Ulisses retornara. Fé é o motor de sua espera e ela espera. Mas, a tradição vem cobrar o seu preço e ela precisa escolher para desposar um entre tantos candidatos, porém ela não deseja nenhum deles. É a tradição que manda.
Então a inventividade dela vem à tona. A astucia de Penélope lhe salva. O acordo entre ela e os seus pretendentes é escolher um depois de tecer um tapete. Ela tece o tapete todos os dias. Dia após dia. Eles esperam ela terminar. Dia após dia eles esperam.
Mas, as astucias de Penélope se revela. Ela tece de dia, mas a noite destrói seu trabalho. Noite após noite. Ela ganha tempo para esperar Ulisses.
Precisamos aprender as astucias de Penélope. Precisamos nos criar, mas precisamos mais ainda nos destruir. Nossa salvação está na destruição de quem somos para podermos nos criar, recriar. E é preciso que nossas identidades sejam criadas de formas mais inventivas e que sejam destruídas de formas mais inventivas. É preciso que possamos quebrar nossas regras, nossos acordos. Assim como Penélope. No final novamente nos salvamos de formas impensáveis.


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