11 de fev. de 2013

O anti-manifesto antropofágico









A cultura brasileira sacralizou a antropofagia, na medida em que é este o caminho para ser criar a genuína arte brasileira. A semana de arte moderna, a tropicália ou o manguebeat estão lá antropafagiando o mundo, mas para que? Não seria isto um agenciamento para que se possa validar a arte brasileira, seria essa condição de funcionamento de um discurso vil? Mas, a questão primordial, talvez, ainda não seja essa.
Mas, sim pensar as razões ou as desrazões que faz ser importante que um artista precise fazer seu discurso funcionar dentro de uma lógica indenitária, onde antes de ser um individuo este fale por um grupo. E este grupo, por sua, vez precise ser todo nós.
E em algum aspecto a distinção eu e ele se transformou no embuste nos e eles. Partindo deste embuste o outro seria aquele que está distante, o bárbaro que não fala minha língua, mas que eu sei de sua existência.
Por isso nossa identidade construída em apartamentos, mas falando de folclore, parece ser uma língua morta. Por mais forte que estes movimentos se transforme, as suas próprias condições de funcionamento, lhe impõe a castração, tal qual um cruzamento de raças diferentes, a final quem são os novos mordenistas? Tropicalistas? Ou os mangueboys? Pois, eles lindam com a distinções claras entre o eu e outro, e já não podemos ser eles, afinal somos o outro deles.
Chico Science dizia - Pernambuco embaixo dos pés e a mente na imensidão- mas, por quais razões Pernambuco não pode ser a imensidão? Ou por que cargas d’água precisamos da imensidão?
A antropofagia se parece necessária para agenciar Pernambuco, enquanto um espaço físico limitado, a imensidão. Pois, a imensidão é uma dessas categorias da linguagem que apesar de ser dizível não é pensável, afinal só conseguimos lidar com conceitos limitados. Mas, ao ter Pernambuco e a imensidão as duas se tornam partes iguais na formação do manguebeat. Resta pensar se é a imensidão que ganha limites ou Pernambuco que se torna imensa

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