5 de out. de 2012

Medo cotidiano


           


              A luz do cogumelo nuclear ilumina o medo do fim do mundo. As ogivas nucleares apontadas para as potências inimigas, sendo que todos são inimigos e todos têm ogivas. O mundo pode acabar a qualquer momento. Guerra Fria.
            A experiência da guerra fria é a premissa sob a qual supostamente Wachtman encontra sentido, mecanismo no qual a leitura do filme é possível. Porém, é o medo que não precisa de um acontecimento especifico para se revelar que é a experiência que permite a leitura desse filme.
            O medo que nos é ensinado cotidianamente engendra práticas. O medo em sua microfísica cria nossos pequenos expedientes, nossas táticas e maneiras de estar no mundo. Temos medo de não ser achados por isso a necessidade constante de se está conectado, de ter sempre o celular por perto. Medo no transito. Medo de ir em alguns lugares. Temos medo.
            E é esse medo que permite que para uma geração que a Guerra Fria não passa de páginas de livros empoeirados de história, faça sentido. E em certa medida o final do filme não é sacrifício em nome da paz, mas o nosso tributo ao medo. Sacrificamos nossas liberdades, nossas individualidades em nome do medo. Seis mil mortos são nossos tributos ao medo.
            Não a racionalidade de saber sobre a Guerra Fria, mas o medo de ir a esquina que permite compreender a mensagem do filme. Entender o perigo do escuro das cenas, da chuva, da noite, da imensidão ártica no filme é onde a leitura se encontra com as nossas vivências. Por isso o medo não precisa ser explicado, ele é e a partir do que é podemos entender esse mundo a beira da falésia do fim do mundo. 


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