14 de mar. de 2010

Sob o capuz: A tragédia dos super-heróis

Sob o capuz: A tragédia dos super-heróis
O nosso tempo nos coloca em situações complexas e a emergência da pós-modernidade criar uma sociedade cada vez mais esquizofrênica, o cinema pop hollywoodiano pode ser considerado termômetro destas transformações. Diante destas transformações as concepções dos super-heróis acabam por serem ressignificadas.
A condução de vida da nova roupagem de heróis trouxe em si problemas que afligem a nossa sociedade, a crise da pós-modernidade está ligada aos heróis de maneira intima de suas origens trágicas até as suas atuais questionáveis escolhas éticas.
Os quadrinhos de super-heróis estão ligados a tragédia nas origens dos heróis: Super-Man é o último de sua espécie enviado para a Terra por seus genitores para salva-lo da destruição de seu planeta natal; Batman e Spider-Man carregam o peso das mortes de entes queridos; Iron Man carrega a culpa de ver as armas projetadas pela sua empresa em massacres e genocídios.
O trágico faz parte da alegoria da formação dos super-heróis, os antagonistas em geral recebem poderes fantásticos de forma semelhantes aos heróis, porém, a falta do trágico em sua vida os leva a utilização de seus poderes de maneira egoísta.
Os super-heróis não são frutos de seus poderes, mas, filhos de suas tragédias. Ao decorrer da História as histórias em quadrinhos têm atenuado esta origem, heróis passaram a ser criado como aberrações como é caso do personagem: Spawn, o soldado do inferno, que é traído e morto por um amigo, no inferno recebe a chance de fazer um pacto com um demônio para conseguir obter sua vingança, porém, ele teria de comandar os exércitos infernais no Armageddon. Arrependido, Spawn passa a tentar impedir o próprio Apocalipse que através de suas ações fica cada dia mais eminente.
Spawn passou a ser uma das revistas mais vendidas em meados dos anos 90, seu drama é tentar evitar algo que ele mesmo é causa, mesmo com todos os seus poderes ele parece ser impotente diante da História em que ele está inserido. Talvez seja um dos grandes dilemas dos homens da pós-modernidade, o dilema de Spawn parecer ser o dilema do homem pós-moderno que se sente impotente e solitário diante dos rumos da História.
No final da primeira década dos anos de 2000, o universo Marvel
[1] se viu em situação de guerra, Civil War fez cair por terra à diferença entre heróis e vilões. Depois de um confronto entre pessoas dotadas de super-poderes uma escola com 600 crianças foi explodida, marcado por essa tragédia o congresso cria uma lei para fazer dos heróis funcionários de seu serviço de inteligência para melhor controlar suas ações e puni-los quando necessário. Porém, um grupo de heróis e vilões vê esta ação como um perigo as liberdades individuais e outro grupo de heróis vêem esta possibilidade como a melhor formar de servir a população. Então, Capitian America, o emblemático símbolo norte-americano, se coloca contra o estado liderando as ações de um grupo de heróis, enquanto o Iron Man passa a ser o seu oposto, subserviente a um estado que sempre fora crítico. Ao longo da trama os dois lados se mostram com argumentos racionais de um modo, que o leitor não pode dizer qual o lado que eticamente estaria certo.
Em Civil War a tragédia é capaz de mudar os rumos de uma história que tem na sua origem a tragédia, confrontos entre aliados, amigos e até mesmo parentes em defesa de pontos de vistas individuais, o pós-moderno se apoderou de vez do universo fantástico dos super-heróis.
Sem certo ou errado, as escolhas éticas dos heróis passam a ser a mesma que a dos seus leitores, causa e efeito em si mesmo, arte e vida em uma dialética de tensão, onde é impossível perceber o momento de superação.
A sétima arte, ao longo dos últimos 10 anos percebeu o potencial econômico das adaptações das histórias em quadrinhos. Porém, os altos investimentos nos filmes causaram um controle dos grandes estúdios que acabaram por maquiar as tragédias pessoais dos heróis. Porém, logo, as histórias contadas no cinema acabaram por não causarem mais tanto impactos quanto os primeiros filmes de super-heróis.
[1] A Marvel é principal editora de quadrinhos de super-heróis do mercado mundial.

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