11 de ago. de 2010

A dança do tempo



"O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer” (Walter Benjamin, Teses sobre o conceito de história)



Em V de Vingança o partido fascista se apóia na formulação da história contada sobre atentados terroristas, a criação desta experiência histórica do medo é o que permiti para a ditadura se perpetuar. A nossa ditadura de 64 se apoio em uma construção semelhante se usando do medo do comunismo.

Somos seres Na e Da história, por isso que qualquer forma de governo precisa se justificar de forma histórica. Para os governos é preciso criar a tradição que o vai manter no poder e esta criação é na história ou até mesmo a própria história.

A história não é o acumulo dos acontecimentos que precisa ser escavados para se descobrir a verdade, ela é arrumação destes acontecimentos vistos por um prisma que justifique o discurso de quem a constrói.

Por isso que V precisa vencer a própria história instituída tanto quanto precisa vencer seus inimigos fascistas. O historiador não apenas aquele que monta uma narrativa, mas, também é aquele a destrói. Tal como Penelope[1] que a noite destrói o tapete que tece de dia para assim chegar em seu objetivo, o historiador precisa destrói a própria narração histórica para possibilitar a construção de novas possibilidades.

Por isso que V precisa destruir a história contada pela ditadura. Isto ao lado de sua vingança pessoal é o consome o maior esforço de V durante a trama.

Na cena final é possível ver todas as pessoas salvas pela possibilidade de salvação e entre elas estão todos os personagens que foram mortos para pela ditadura, pois, nem eles estavam a salvo na história.



[1] Personagem da Odisseia: esposa de Ulisses, rainha de Itaca


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